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Quando a minha Poesia foge do verso para encontrar parágrafos.
Que idade você tem?
Já me disseram muitas vezes que eu não aparento a idade que tenho. Normalmente, respondo só com um sorriso.
Mas, às vezes, o interlocutor insiste e o jeito é dar crédito à genética, que me deu uma pele boa, ao riso que me acompanha ou ao pouco sol que tomei nessa vida.
É a face mais fácil da resposta e eu a uso sem pudor, por preguiça de explicar. A verdade inteira fica guardada com as mesmas convicções que me fazem não desistir de escolher sorvetes pela cor, de gostar de ler poesia em voz alta e só escrever quando as palavras começam a rodar em volta de mim.
Tem dia que acordo neném e nem ligo… me enrolo em feto e deixo a manhã me ninar. Tem hora que me permito velha e vejo cética…. Aí, antes que doa, rodo o olho no azul e deixo a luz entrar pela retina, direto, até a alma. Suspiro e solto a menina. Criança, sorrio confiante e crio. Em um minuto, mulher, resolvo, faço, organizo, desorganizo, desfaço, sinto… Dispersa, intercalo a menina com a mulher, sem precisar, sem querer, sem poder… sem saber ou simplesmente por ser.
Sou eu que tenho a idade. Não é a idade que me tem.
O tempo para os amigos não é…
Já notaram que amigos de verdade raramente se reencontram falando em “quanto tempo”? Se disserem algo, dirão apenas “que saudade”.
É que o tempo para os amigos não é o mesmo que acontece para as outras pessoas.
Para um amigo, dez anos viram 10 minutos em um reencontro. E os anos magicamente se fundem em um único abraço.
Uma hora rindo com um amigo faz mais feliz do que muitas horas sorrindo com outras pessoas.
Um momento mergulhado no abraço de um amigo consola mais do que um dia de condolências de outras pessoas.
Um instante no olhar de um amigo conta mais do que uma hora de palavras para outras pessoas. As horas conversando com um amigo não acontecem para entendimento. Para isso, um olhar e um segundo bastariam.
E é assim que semanas sem notícias de um amigo são dissolvidas no primeiro olhar.
Porque, diferente da paixão, que anseia e duvida, a amizade é um amor que entende e sabe.
Nem toda ordem coloca as coisas em seu lugar.
Arrasta para o centro da sala a sua cama. Troca as cortinas. Esvazia as gavetas. Tira do armário os lençóis novos. Joga fora os sapatos velhos. Compra uma cafeteira nova. Coloca um vaso de flores no banheiro. E pendura quadros novos nas paredes.
Se não funcionar…
Arrasta para o centro da cama as suas gavetas. Tira as cortinas. Joga fora os lençóis. Esvazia a cafeteira. Coloca na geladeira os sapatos velhos. E tira do armário as flores.
Não é com você .
Não é com você… é comigo. Não é comigo… é com você. Relaxa. Não é com a gente. Só não é.
Trabalho, família, momentos… nada disso nunca foi motivo para não viver, não fazer… sem saber, sem poder… O único motivo é não querer. Fácil e simples. Não precisa explicar. Não precisa entender. Não precisava nem dizer.
Então, relaxa. Sedutor é o reflexo. Encantador é o eco. Se você não quer… como posso eu, então, querer?
Nunca tenho toda a razão.
Nunca tenho toda a razão. Tenho toda a vontade. Apenas alguma razão.
Quando eu era menina, me diziam que o tempo me traria juízo. Na verdade, acho que até trouxe. É meu juízo que julga o que é melhor para mim.
O caso é que a minha vontade convenceu o meu juízo que “ melhor” vem de “bom”!
Então, eu conto para você.
Sabe
As manhãs que eu me dou
Os poemas de madrugada
E os amigos na varanda até as seis?
Sabe
O trabalho em horário esquisito
E os problemas que me alcançam por telefone?
Sabe
Os amores sem limites
Os beijos sem pudores
E os toques sem entrelinhas?
Sabe
O riso solto
As danças de olhos fechados
Os passeios sem destino
E o pensamento que voa?
Pois é…
Meu juízo resolveu
Que isso tudo
É o melhor pra mim
Ofício da Palavra
Hoje o meu domingo acordou ocupado. Arrancada bruscamente do sono para saber o que dizer.
Explico. Escolhi por ofício ser a pessoa que sabe o que dizer… o que dizer a quem pede, o que dizer a quem reclama, o que dizer antes do problema, o que dizer durante o problema, o que dizer no dia seguinte, o que dizer a quem pergunta, o que dizer para que não precisem perguntar…
Estranha escolha a minha. Escolher pensar palavra, organizar palavra, premeditar palavra.
Minha palavra escorre
Sem pensamento
Sem parênteses
Sem asteriscos
Meu verso organiza sem métrica
A ele, permito
Deixo que minhas consoantes impliquem com as vogais
Autorizo qualquer coletivo
E me divertem metáforas
Confesso.
Sou absurdamente melhor na palavra escorrida do que na palavra escrita.
Notas:
1. Esta é uma pequena seleção das centenas de textos da Poeta.
2. Todos os textos estão devidamente registrados na Biblioteca Nacional e protegido quanto aos seus direitos autorais.
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