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Devaneios
Breves e intensos flashes de poesia. Devaneios são hiatos de emoção suspensos no ar.
Acordou e abriu um olho só.
Acordou e abriu um olho só. O outro deixou enfiado no travesseiro. Viu que as palavras não encheram o pensamento e ficou ali, olhando a parede e ouvindo o silêncio. Ouviu o ruído do edredom roçando no corpo devagar quando abraçou o travesseiro. Ouviu o suspiro profundo que a preguiça soltou. Ouviu o barulho do mundo entrando devagarinho no quarto. Deixou-se ficar ali, até o outro olho insistir para abrir, até as palavras começarem a rodear, namoradeiras, em volta dela… “acordou e abriu um olho só…”
Inquieta manhã
Inquieta manhã. Acordei com o dia sussurrando possibilidades no meu ouvido… me dando vontades. Tentei não dar muita bola, fingi que dormia, mas não teve jeito. Riu no meu ouvido, brincou com os meus desejos, falou do que podíamos fazer juntos… me conhece bem o dia.
Alvorecer do Verso
A frase não tinha nem mesmo formado palavra quando deslizou suavemente por ela. Foi buscá-la no sonho. Acordou e ficou olhando o alvorecer do verso. Era um desses versos que prefere não vestir palavra. Que fica olhando para você nu. Ficaram os dois ali se olhando, tranqüilos e nus. Tinha um quê sacana aquele verso. Se estivesse com mais tempo, dobrava-o.
Plural
Ah, vai… não me peça que rimem os versos…
Diversa a forma
Avessa à fôrma
Que dual, plural!
E se meu pensamento voa
E meu sentimento pulsa
A palavra
Escorre
E
E adormeceu em teu verso
para amanhecer poema.
Receita de Domingo Gostoso
Coloca teu vestido mais estampado e tua sandália mais confortável. Escolhe teu perfume mais floral. Enfeita teu cabelo dos cachos mais soltos e teu rosto do sorriso mais livre. Depois, se leva pra rua pra ver verde que não nasça em vaso, sentir ar que não seja condicionado e assistir passarinho beijar flor. Misture tudo isso com alguns amigos escolhidos na primeira lembrança que o dia trouxer. Almocem em “qualquer lugar que der vontade”… que é um lugar super legal de ir. Deixe o dia seguir borbulhando entre risadas, carinhos, assuntos e silêncios. Pronto. Agora é só saborear.
Cadê o Encanto que estava aqui?
Antes do desapaixonar
Há o desencantar
Lúcida?
Lúcida?… talvez. Verdade, mesmo… me prefiro lúdica… para não perder a lucidez.
Amém
Amém, querida. Amém.
A propósito, acabei de perceber que a palavra amém, sem acento, vira “amem”… será que precisamos tirar os acentos para que o amor “assim seja”?
Meu olho escancara
Meu olho escancara, sem qualquer reserva, o que sou. Mergulha, então, nas minhas janelas. Revira, sem pudor, as minhas gavetas. Sou inteira e nua, aberta e exposta. Mas olha de novo amanhã, e depois de amanhã, e também depois… entende o meu avesso.
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